POLICIAL NÃO É GENTE

POLICIAL NÃO É GENTE




A verdade e a seguinte:

Da mesma forma que não há sociedade sem polícia, não há nenhuma forma de se executar os serviços policiais sem a contratação de seres humanos dispostos a correrem os riscos e executarem as complexas tarefas que disso decorre. Assim sendo, a relação automática que se estabelece entre as instituições policiais e os seus leais servidores, não pode ser fundamentada em instrumentos de dominação, supressão de direitos, anulação da capacidade de pensamento do ser, assédio moral ou outra forma  qualquer de coerção extrema. 




Quando uma pessoa escolhe a atividade policial como profissão para a sua vida, ela automaticamente renunciou aos seus finais de semana, viagens, feriados prolongados, convivência com a sua família, horário certo de trabalho, possibilidades de ganhos financeiros elevados e pasmem, abriu mão até de sua própria vida. O que falta aos gestores policiais então é compreender que policiamento não se executa exclusivamente com aquisição e emprego de máquinas ou tecnologias

Não se executa apenas zelando e priorizando o objeto inanimado em detrimento da qualidade de vida do ser humano que os operaNão se faz, olhando para o servidor policial e nele não enxergando que por trás daquele uniforme, há um ser humano cuja relação é hipossuficiente e que como empregador que é, o Estado deve protege-lo de todas as formas possíveis. 

Mas o que vemos na prática, é  total desprezo sobre esta visão. Onde vemos isso? Em cada portaria expedida, sindicância instaurada, prisão administrativa decretada, demissão rápida realizada, punição exageradamente aplicada, procedimento operacional elaborado e também pelo superior valor que a instituição dá à gestão de materiais em detrimento da gestão de pessoas.

Façamos esta reflexão:

- Qual a durabilidade de um colete, cinturão, uniforme, viatura, computador ou qualquer outro acessório aplicável ao policiamento? Em média 1 a 5 anos. 

- Qual a durabilidade esperada do ser humano policial prevista em seu edital de seleção e em sua proposta de carreira profissional? 30 anos. 

Considerando então, que maquinas e equipamentos podem ser repostos rapidamente, quanto custa perder um bom profissional por inversão de prioridades de gestão? 

- Quanto a polícia perde em não remunerá-lo adequadamente e te-lo descansado, atento e disposto para o próximo plantão? 

- Quanto o Estado, a Polícia, os policiais e a população ganhariam com a implantação de uma política de humanização na gestão policial? Se formos verificar, os olhos da administração pública apenas focam nas seguintes problemáticas:

- Bateu uma viatura? Paga. 
Perdeu ou danificou bem cautelado? Paga. 
Deu prejuízo à fazenda pública? faça o ressarcimento. 
- Adoeceu? Afaste e corte todas as vantagens. 
-Readaptou-se? Encoste em algum canto e corte as vantagens. 
- Ficou paraplégico ou tetraplégico? Devolva-o à família o bagaço que sobrou (e sem nenhuma indenização), afinal policial não é gente.

Quando pertencemos a uma instituição, formada por pessoas cuja missão precípua e servir e proteger outras pessoas, a boa lógica administrativa traz à luz, que um modelo de gestão mais humanizado, que possua como fundamento o constante reconhecimento, a crescente valorização, e o cuidado biopsicosocial de seus talentos internos, é a mais lógicas das opções.

Não se trata apenas de dinheiro, promoção ou penduricalhos e sim de reconhecimento do valor da pessoa humana.

Pessoas satisfeitas e felizes irradiam satisfação e felicidade por onde andam. 

Que você nunca perca de vista o quanto você vale, não em seu contracheque, mas como pessoa humana, sujeito de direitos e de garantias fundamentais. 

Não hesite em lutar por seus direitos contra o Estado, o grande Leviatã violador de direitos, o qual deve ser o primeiro a dar o exemplo sobre como se implanta na prática a valorização e a dignidade da pessoa humana.

Não há sociedade sem polícia e polícia sem você.




   




Eliel Nunes
Guarda Civil Municipal de Guarulhos - SP

Pós graduando em Ciências Policiais, Segurança e Ordem Pública (IPEP), Especializado em Gestão e Comando de Guardas pela Escola de Comando de Guardas de São Paulo (ESCOM/CESDH) e demais cursos de especialização pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) 


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