A POLÍCIA QUE SANGRA

A POLÍCIA QUE SANGRA E O ESTADO DOMINADO: A ERA DOS CRIMES E DA FALÊNCIA  DO ESTADO

Somente a teoria do caos de LORENZ e o conhecido fenômeno borboleta poderiam explicar como a segurança pública brasileira chegou a este beco sem saída. Oscilando entre a omissão do Estado e a incapacidade institucional de agir, os órgãos policiais brasileiros se encontram literalmente de joelhos e desarmados, frente ao gradual avanço das milícias, do crime organizado e até de traficantes locais de pequena fama, os quais valendo-se da proteção de franquias de criminalidade organizada, conseguem impor toques de recolher e intimidar as forças locais de segurança pública.

Policiais são caçados, capturados, mortos e expostos em redes sociais como verdadeiros troféus, em uma macabra sequencia somente assistida na ficção trazida pelo filme O Predador I, estrelado pelo célebre SHCWARZENEGGER. Seus algozes? Crianças e adolescentes, os quais recrutados por facções criminosas, os empregam como soldados do crime numa verdadeira operação de guerrilha.

A teoria do caos começa então a fazer sentido, quando analisamos as pequenas ações e omissões (efeito borboleta) que são perpetradas diariamente em maior ou menor grau nas esferas da administração pública. Ações e omissões originadas muito distantes do front, mas que como uma onda de destruição, chegam na ponta da linha da atividade de polícia de segurança pública em forma de comandos legais limitadores e incapacitadores de produção de respostas qualificadas que possam ser produzidas pelos técnicos em policiamento.   

Um silêncio total tomou conta dos Poderes da República, onde o Legislativo não legisla, o Executivo não executa e o Judiciário não julga e tão pouco produz a tão necessária justiça. Igual silêncio calou o MP, que não fiscaliza o cumprimento das leis e o nosso sistema normativo passa a ser interpretado ao gosto do cliente e avaliado recursalmente por uma Suprema Corte que possui em seus quadros ministros inexperientes, com ligações duvidosas e desmoralizados socialmente.

Com as castas históricas dominantes sendo investigadas, presas e impedidas de serem eleitas, o destino da liderança política se revela como temerária em face da inexistência de novos nomes com capacidade e experiência para assumir a massa falida que é nossa atual República.

Sem visão de futuro, sem um estadista à frente, com as instituições paradas e com a nação refém do medo e tomada pela incredulidade, surgem poderes paralelos impondo pela força das armas e pelo poder de corromper seu modelo de gestão.

O que de fato resta às polícias? agirem sozinhas? praticarem ações à margem da legalidade? fingirem que não estão em crise? continuarem com catadores de latinhas tentando sobreviver da atividade no varejo? 

O que de fato resta fazer ao poderes constituídos, que devem garantir a ordem pública, a segurança e a incolumidade das pessoas e de seus patrimônios?

Até quando Ministros, Governadores e Prefeitos vão continuar mentindo através dos gestores das pastas de segurança dizendo que tudo está sob controle?

A população está temerosa, refém em suas próprias casas e não sabem a quem mais recorrer para que a situação e o caos cessem o mais rápido possível. 

A verdade, é que a polícia está sangrando, o Estado encontra-se dominado por organizações criminosas e era do crime parece firmar-se frente à essa falência gerencial da qual somos vítimas.

Enquanto isso, o valente policial federal, estadual e municipal, com armas inferiores, sem estrutura organizacional eficaz, com parcos recursos inteligenciais, sem um sistema de funcionamento harmônico, sem leis especiais que validem suas ações, orçamentos e tantos outros aparatos; se revezam diuturnamente, enxugando gelo e morrendo sob os olhos inertes dos poderes constituídos.

GCM Júnior

Policial Municipal na Cidade Limeira - SP

Coordenador do Movimento de Valorização dos

Profissionais de Segurança Pública do Estado de São Paulo

MVPSPESP

Imagens: Google