BIOSEGURANÇA POLICIAL
Parte 1 - Segurança no trabalho
A exposição ao risco constante de lesão e morte pelo policiais em efetivo exercício nas atividades de patrulhamento preventivo exigem certas reflexões
Fonte: https://leianoticias.com.br/botucatu-video-mostra-viatura-da-gcm-sendo-alvejada-por-7-tiros-pelos-criminosos-na-avenida-assista/
Andressa Cristina de Aguiar*
Tratarei em três partes o tema Biossegurança policial [segurança da vida ou ainda, vida com segurança]. Na primeira parte abordarei a questão da segurança no trabalho. Na segunda parte, sobre segurança no trajeto e na última sobre a segurança residencial.
Como bem leciona os mestres das doutrinas de segurança e sobrevivência policial, tudo o que estudamos, praticamos e ensinamos, aumentam as nossas capacidades e ativam reflexos que nos possibilitam reagirmos melhor e voltarmo vivos para casa.
O propósito dessa iniciativa colaborar de forma reflexiva e contrapor algumas místicas e doutrinas que vagam pelo universo policial induzindo os recrutas e até alguns experimentados antigos, de que ser policial é ser super poderoso, ter peito de aço, que tudo pode e de que o perigo nada representa diante da coragem. Serão mesmo verdades tais afirmações?
- Um policial é de fato um super poderoso? Não. É um ser humano como outro qualquer, que fica doente, sangra, sofre com problemas diversos e que apenas possui uma profissão que o coloca em cenários de trabalho mais complexos e violentos.
- Policial tem peito de aço? Não. Usa um EPI chamado colete balístico, que pode ser perfurado dependendo do calibre usado pelo agressor e que nem para armas brancas tal equipamento é resistente. Um policial é vulnerável sob diversos aspectos.
- Polcial tudo pode? Não. Ao contrário do cidadão, que pode fazer tudo, até que haja uma lei que o proiba, o policial só pode fazer o que a lei permite. Possui limitações e diversas formas de controle correcional sobre suas atividades.
- O perigo nada representa diante da coragem? Ledo engano. A coragem não anula as condições inseguras, não evita acidentes e muito menos impede a morte. A coragem anda ao lado da prudência, uma sem a outra é pura tolice.
Feitas essas considerações, se torna claro e por demais evidente que, eliminar as práticas inseguras e agir com precisão, cuidado e tecnicidade em ambientes inseguros colaboram sobremaneira para a redução dos riscos, garantindo maiores condições maiores de sobrevivência.
A atuação policial não pode ser desenvolvida sob ações fantasiosas, métodos não validados cientificamente, ilusões trazidas por treinamentos impróprios permeados por condutas duvidosas e inaplicáveis na vida real do policiamento diário. Se há uma coisa que aproxima os policiais da morte é a incapacidade de reagir rapidamente com ações enérgicas e com economia de movimentos. Isso sim produz maior efetividades nas intervenções. Isso vale desde as ações de presença até em caso de disparo.
Quando falamos em segurança no trabalho na segurança públicao, estamos nos referindo diretamente ao emprego de técnicas, táticas e procedimentos adequados que possam ser empregados de formas simples e eficientes a fim de qua haja solução aos problemas apresentados. Fora disso, impera a lenda e o achismo.
O que se espera dos operadores, é que haja prudência no lugar de coragem impensada, sabedoria no lugar de loucura, atos técnico em lugar da ação improvisada e reconhecimento, de que por baixo de um colete balístico, de uma farda e de um corpo mortal embarcado, há pessoas humanas que se arriscam exercendo um tipo de trabalho diferenciado. Há pais e mães de famílias que precisam retornar aos seus lares ao fim de cada plantão e se o destino, por acaso decidir que não voltaremos, a nossa falta se traduzirá em muito sofrimento e perdas para todos eles.
Concluido, prezar pela proteção primária do agente policial como ação estratégica de sobrevivência laboral é uma ação que parte da administração superior da instituição e atinge a todos diretamente na cadeia de comando. Cada um possui a sua parcela de responsabilidade.
"Voltar vivo para casa" essa é a nossa meta diária.
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Graduanda em gestão de segurança pública. Técnica em Segurança do Trabalho. Policial municipal de carreira com especializações diversas nas áreas operacionais. Operadora tática ROMU ,
Parabéns pelo texto, esta sua reflexão é muito necessária nos dias de hoje, principalmente de uma profissional operadora tática, que no contexto geral, não na sua grande maioria, agem da forma a confrontar o seu pensamento refletivo acima.
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